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terça-feira, 30 de novembro de 2010

O que é liberdade?

Certo amigo meu estava numa festa (não me lembro do que: aniversário, casamento, etc...) e sentou à mesma mesa de um conhecido seu. Lá pelas tantas, o tal conhecido dele, sabendo que ele tinha abandonado o hábito de tomar cerveja, começou a provocá-lo e a insistir para que ele tomasse a tal cervejinha.
“Você não pode tomar nem uma cervejinha?” Era a pergunta persistente e zombeteira.

Depois de gentilmente recusar diversas vezes, e ouvir chacotas do colega “ligeiramente” alcoolizado, meu amigo respondeu o seguinte:

“Ok, eu vou tomar uma cerveja com você. Mas só se você me prometer que esta será sua última cerveja de hoje à noite”.

“Não vou prometer isso. Eu não vou conseguir ficar sem tomar mais hoje”. Retruca o colega.

Meu amigo então responde: “Agora você percebe quem de fato não pode aqui?


Quero usar esta pequena história real como ponto de partida para refletirmos sobre o significado da palavra "liberdade".


Muitos são os conceitos de liberdade que correm na boca das pessoas: “Liberdade é fazer o que der na cabeça” é um exemplo de clichê bastante usado. Se você gosta de teorizações sobre o assunto, pode dar uma olhada num resumo da Wikipédia com as diversas correntes de pensamento filosófico. No dicionário Melhoramentos, liberdade é “direito de agir de acordo com a própria vontade; condição de pessoa não sujeita à escravidão ou servidão; independência, autonomia... “

Agora falemos de maneira bem prática: você acha mesmo que “fazer o que der na cabeça” é liberdade de fato?

Alguns citarão outro clichê como resposta: “A minha liberdade termina onde começa a liberdade do outro”. Baseados nisto, muitos afirmam que não há nada de mal em tomar cerveja até ficar bêbado, desde que não prejudique ninguém por isso. Tenho colegas que entregam a chave do carro para alguém sóbrio quando percebem que seus reflexos ficaram alterados. É como dizer: “Eu tenho liberdade de ficar bêbado, mas minha liberdade não pode colocar em risco a vida de ninguém na estrada”. Usei o exemplo da bebida para manter a mesma linha de raciocínio da história no começo do post, mas poderia falar de outros exemplos, como o consumo de drogas, que destroem a família e o patrimônio desta, ou falar de coisas mais simples, como ligar um som muito alto, obrigando meus vizinhos a apreciar o tipo de música que eu aprecio.

Ainda assim não me sinto confortável com este último conceito de liberdade. Há muitos anos, pessoas me procuram para conversar sobre seus problemas pessoais. Identifiquei pelo menos 3 tipos de problemas que as pessoas relatam:


- problemas "naturais". São fatos que transcendem as ações individuais ou coletivas. Mesmo que todo mundo agisse bem, ainda assim teríamos que lidar com problemas como: o envelhecimento ou com a a perda de um ente querido por morte natural. Estes são problemas que decorrem do fato de vivermos no planeta Terra. Não podemos culpar ninguém quando eles nos sobrevêem. Aprender a lidar com eles é o melhor remédio, pois cedo ou tarde não haverá como evitá-los;

- problemas causados pelos outros. Ocorrem quando o outro não encerrou a sua liberdade onde a liberdade da pessoa lesada começava. São pais que maltratam os filhos, são filhos que agridem os pais. São sujeitos bêbados que atropelam inocentes, ou usuários de drogas que roubam e matam cidadãos honestos. A lista é interminável e muitos carregam consigo as "marcas" dos excessos provocados por outras pessoas;

-problemas causados por seus próprios erros. É neste tipo de desabafos das pessoas que me procuraram que me convenço do quanto "fazer o que quiser desde que respeite a liberdade do outro" não define bem liberdade.

Todos fazemos escolhas a todo instante. Escolhemos fazer ou deixar de fazer. O tempo gasto lendo meu post foi uma escolha: você poderia aplicar este tempo de outra forma. TODAS as nossas escolhas tem efeito sobre nossa vida, quer positivo ou negativo. Escolha é uma coisa...liberdade é outra...Se liberdade é ausência de escravidão ou servidão como definiu o dicionário, então nossas escolhas devem promover aquilo que não nos torna escravos. Muitos dos que me procuraram para conversar sobre seus problemas estavam colhendo consequências opressoras de suas próprias escolhas!

Refletindo sobre o que ouvi, li e vivi até hoje, cheguei a conclusão que não há pior algoz, não há senhor mais cruel do que nossas vontades impulsivas!

Para mim, ser livre não é fazer o que "der na telha": isto é ser escravizado pelo algoz chamado IMPULSO INTERIOR. Ser livre é poder escolher o que melhor, e fazê-lo com alegria, com consciência, com uma motivação devidamente centrada.

Encerro com uma citação de meu livro predileto:
"Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma."(1a. carta de Paulo aos Corintios 6:12)

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