A revista Time elaborou uma lista do que ela considera "as 10 maiores descobertas científicas de 2010". Entre elas destacou-se uma pesquisa relacionada a uma enzima chamada telomerase que ajuda a regular o comprimento dos telômeros de nosso DNA. A cada divisão celular, os telômeros encurtam até o limite em que a reposição de células cessa e o indivíduo morre de velho. Este relógio regula o tempo máximo de vida de um indivíduo saudável, que para os seres humanos gira em torno de 120 anos. Como a redução do ritmo celular é progressiva, bem antes da morte natural começam os processos degenerativos pela menor velocidade de regeneração orgânica. Por isso envelhecemos!
A novidade é que alguns pesquisadores conseguiram reverter o processo de envelhecimento em cobaias, porém, como efeito colateral...
surgiram células cancerígenas (veja texto na íntegra em inglês). Lendo o artigo da revista Time, refleti sobre o anseio humano de eternizar-se. Vejamos alguns exemplos que nos remetem a ele:
* A lenda da Fonte da Juventude e o Santo Graal
* a busca pelo Elixir da Longa Vida praticada pelos alquimistas do passado;
* Os bustos, placas, gravuras, construções, nomes de ruas, praças, cidades, lugares, etc... atribuídos à pessoas célebres a fim de "eternizar" sua memória;
* A lenda das bruxas que sugavam a energia vital para manter-se jovens;
* A afirmação de imperadores na antiguidade de que eram encarnações de heróis ou divindades eternas;
* O relato bíblico de Adão e Eva: quando eles foram expulsos do Paraíso por causa do pecado é mencionado que um querubim foi colocado de guarda para que eles não pudessem acessar a Àrvore da Vida e com isso eternizar sua existência.
Basta ir a um velório e a um enterro para perceber como a morte é algo chocante, embaraçoso e humilhante para o ser humano. Alguns choram, outros disfarçam o desconforto fazendo graça e outros ainda ficam pensativos.
A maioria dos seres humanos procura preservar sua vida enquanto pode, fugindo da morte. Alguns, mais longevos, são arrojados e chegam a dizem: "se eu morrer...". Ulisses Guimarães e Roberto Marinho falaram assim...falavam. Outros são hipocondríacos ou até mórbidos, desejando antecipar a morte pelo desgosto da vida, na esperança de descansarem. Entretanto, mesmo entre os suicidas, os especialistas afirmam que é comum um impulso de arrependimento no instante que antecede a morte, mostrando que ela é desagradável até mesmo para os que a anseiam.
Você assistiu o filme "O homem bicentenário" ? Ele conta a história de um robô futuristico que luta para tornar-se humano. Ele galga os vários estágios de sua "humanidade" até que depara-se com um último e sério problema: sua amada, neta da menina com quem teve uma forte amizade nos primeiros anos de sua fabricação, não deseja mais tomar o "elixir da juventude" por ele produzido e quer morrer como um ser humano normal. Depois da perda de vários amigos e amores e de anos de reflexão, o robô finalmente conclui que, para tornar-se verdadeiramente humano precisava morrer. A nova descoberta da ciência coloca em questão algo geralmente não questionado: será que para ser humano é preciso morrer? O que você acha? Você acha que tem o direto de viver para sempre nesta Terra?
Se eu não acreditasse na vida após a morte, provavelmente também preferiria viver eternamente neste mundo. Deixando de lado esta questão , entretanto, estou convencido que uma linhagem "imortal" traria drásticos problemas econômicos, políticos, sociais, etc..., tornando nosso planeta um verdadeiro inferno. Exemplos de problemas de um mundo sem envelhecimento: Porque contratar um jovem aprendiz no mercado de trabalho se posso manter profissionais com décadas (quem sabe séculos) de experiência e o mesmo vigor dele? Se o mundo já apresenta dificuldades sérias de lidar com os problemas de uma população de 7 bilhões de pessoas, imagine como seria um mundo com explosão populacional porque os velhos não envelhecem! Para os mais preguiçosos, que tal esta notícia: ninguém poderia se aposentar a não ser por invalidez, pois nenhum sistema de previdência suportaria aposentar por idade. Bem, são só alguns exemplos...você pode lembrar de outros facilmente. Problemão mesmo seria a convivência social: arrisco dizer que haveria pouquíssimo amor e altruísmo no mundo, porque estou convencido que boa parte das pessoas só faz o bem essencialmente por interesse próprio. "Um dia (leia-se quando ficar velho, fraco, doente e morrer) eu posso precisar de ajuda, portanto vou ajudar" é a frase que parece estar escrita nas entrelinhas da maioria dos "altruístas".
Pensando nesse inferno terreno acabo concordando que o querubim impedindo o acesso à Árvore da Vida foi uma ótima idéia...
"Pois quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; quem perder a vida por minha causa, esse a salvará." Lucas 9:24 (palavras de Jesus)
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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
Você quer viver para sempre?
Postado por
André Klauberg
às
14:19
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Marcadores:
Ciência e Fé,
Comportamento
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2 comentários:
Ótima explanação. Não conhecia sobre os Telômeros, e faz sentido a sua ligação com as células cancerosas.
Pensamentos de uma mente limitada que vê na religião o grande esteio moral. A imortalidade é algo absurdo, porque nada é eterno (a não ser para os religiosos que acreditam na alma), mas a extensão indefinida da vida é algo palpável, e porque não, possível. Esses problemas populacionais são contornáveis, como a possibilidade de instituir o planejamento familiar em todas as esferas sociais e países. Assim, há outras soluções que no futuro serão observadas. Sobre a bondade humana e a vontade de fazer o bem mediante a morte, é uma grande balela. Conheço cristãos que não valem o que comem e conheço ateus que realmente acreditam em ajudar o próximo. Portanto, os problemas morais ocasionados pela extensão indefinida da vida ainda são elucubrações de mentes limitadas.
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