Alguns que leram meu post anterior devem ter dado pela falta do diagrama do iceberg comportamental. Eu havia esquecido de inseri-lo! Já corrigi isto no post anterior. Mas segue ele aqui de novo para não perdermos a noção do modelo inteiro. Já falamos sobre comportamento e percepção.
Abaixo da percepção temos as:
Expectativas:
Segue um interessante experimento realizado em um hospital psiquiátrico que ilustra o quanto a expectativa influencia nossa percepção:
Várias pessoas normais simularam certos desvios de comportamento a fim de serem internadas. Uma vez internadas, contaram que se tratava apenas de uma experiência acadêmica e passaram a ter um comportamento normal. Os psiquiatras não acreditaram na história e consideraram que os argumentos dos internados eram mais uma evidência de distúrbio mental. Simplesmente eles esperavam que aquelas pessoas tivessem algum distúrbio.
NÓS VEMOS O QUE ESPERAMOS VER
Nossos mecanismos de omissão, distorção e generalização levam em grande conta o que ansiamos por ver.
O seguinte teste realizado na Universidade de Harvard com alunos de uma escola primária.
Os alunos foram separados em 2 grupos aleatoriamente para evitar que níveis de inteligência e capacidades fossem usados como critérios de separação. Uma professora foi incumbida de desenvolver um programa com as duas turmas. Entretanto, ela foi informada de que a turma A era composta por alunos excelentes e a B por alunos problemáticos. Depois de certo tempo, testes de avaliação das duas turmas foram aplicados. Curiosamente, a turma A teve desempenho consideravelmente melhor que da turma B. Chama-se isso de Efeito Pigmalião.
TENTAMOS TRANSFORMAR EM REALIDADE AQUILO QUE ESPERAMOS SER A REALIDADE
Abaixo das expectativas temos as:
Emoções, sentimentos e desejos:
Se você perguntasse a alguém: “Que horas são?” e ele responde: “Pai Nosso, Ave Maria, etc” qual seria o seu comportamento?
Se for aquele amigo piadista que te respondeu talvez você fosse rir. Mas e se fosse alguém que você não gosta? E se naquele dia você está com pressa, muito preocupado com um compromisso? A mesma situação pode suscitar comportamentos diferentes em nós dependendo de nosso estado emocional.
EMOÇÕES DIFERENTES GERAM EXPECTATIVAS DIFERENTES.
Descendo mais fundo no iceberg comportamental temos:
Os metaprogramas:
São padrões interiores, profundamente arraigados, que influenciam na formação do mapa mental (realidade percebida).
Vejamos exemplos de metaprogramas:
1 - Aproximação versus afastamento
Aproximação é a tendência de alguns em procurar fazer certo. Afastamento é a tendência de evitar erros. Alguns buscam prazer, outros fogem da dor. Por exemplo, os primeiros compram um carro priorizando é conforto, beleza, desempenho. Os últimos priorizam segurança, baixo consumo de combustível e pouca manutenção.
2 – Introvertidos x Extrovertidos
Introvertidos são voltados para seus interesses próprios enquanto extrovertidos são voltados para os outros, para os relacionamentos.
3 – Associadores x dissociadores
Pessoas associadoras procuram semelhanças e estão mais voltadas para o global. Dissociadores focam as diferenças e estão mais voltadas para os detalhes. O primeiro grupo vê a floresta e o segundo, as árvores. Se você entrega várias moedas aos associadores eles percebem que todas são redondas e tem duas faces (cara e coroa). Os dissociadores observaram os valores, insígnias, data de cunhagem, de cada uma delas.
Cuidado! Nenhum de nós adota “puramente” um metaprograma só e não devemos rotular pessoas! Modelos não devem ser ferramentas de preconceito e massificação das pessoas. São instrumentos de autoconhecimento e de percepção do nosso meio circundante.
Valores e crenças:
Na cultura japonesa, tira-se os sapatos para entrar em casa. Come-se no chão, dorme-se em esteiras no chão. O chão de casa é limpo para os japoneses. Na cultura americana, entra-se de sapatos em casa. Dorme-se em camas elevadas do chão e senta-se em cadeiras elevadas para comer. Se uma batata frita cair no chão, geralmente joga-se a mesma fora, pois o chão de casa é tido como sujo...
A crença de que o chão é sujo ou limpo é fruto da educação e das experiências no contexto cultural. Enquanto o americano valoriza uma cama alta, o japonês prefere a esteira. Valorizamos o que cremos ser o melhor e mais importante, independentemente da realidade objetiva. Afinal, o chão de casa é “sujo” ou não?
A PERCEPÇÃO E, CONSEQUENTEMENTE, O COMPORTAMENTO, REFLETEM NOSSOS VALORES E CRENÇAS.
E, por fim, no nível mais profundo do iceberg, estão as nossas:
Necessidades:
O ser humano age para satisfazer suas necessidades. Já abordamos a pirâmide das necessidades de Maslow num post anterior. Uma coisa é identificar a necessidade e outra é saber como satisfazê-la. Entre a ação (comportamento) e a necessidade, passamos por este sinuoso caminho do iceberg comportamental.
AS NECESSIDADES SÃO AS GRANDES MOTIVADORAS DE NOSSOS COMPORTAMENTOS.
Acho que podemos e devemos ser uma influência positiva à mudança construtiva das pessoas em nosso redor. Entretanto, há pessoas que tentam impor padrões de comportamento às outras. É preciso ter consciência que se alguém muda seu comportamento sem mexer nos elementos mais profundos do iceberg comportamental torna-se um HIPÓCRITA! O ideal é que as boas mudanças nasçam primeiramente no âmago do indivíduo pela conscientização das verdadeiras necessidades, por uma readequação nas crenças e dos valores e pelo novo equilíbrio nos metaprogramas e no estado emocional. Tudo isso reflete-se na percepção da realidade e, conseqüentemente, no comportamento.
"Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que limpais o exterior do copo e do prato, mas o interior está cheio de rapina e de iniqüidade." (palavras de Jesus no evangelho de Mateus)
Se quiser saber mais sobre uma perspectiva cristã do processo de mudança comportamental, leia o post:
Hipócrita!
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O iceberg comportamental
Um comentário:
Que bacana esse pot. Gostei!
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