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sábado, 20 de novembro de 2010

A fuga do Egito pelo mar: verdade ou mito?


Quem de nós ocidentais já não ouviu a história de Moisés conduzindo o povo de Israel através de um caminho seco no mar para fugir do exército egípcio? Segundo o relato bíblico, Moisés estendeu a vara e o mar se abriu. Quando os israelitas terminaram de passar pelo mar, este voltou à sua posição original matando o exército egípcio. Para muitos, o relato não passa de um mito, mas para outros, um fato.
Britânicos observaram um fenômeno raro que acontece no Egito que pode ser a chave para esclarecer esta polêmica.


Já há muito tempo se discute se a tradução mais adequada para o termo original hebraico "Yam Suph" que designa o local do milagre: seria o Mar Vermelho ou o Mar de Caniços (região pantanosa na desembocadura do Nilo). O canal de Suez alterou significativamente a geografia da região, tornando a reconstrução da localização exata mais complexa.
Pesquisas recentes realizadas com auxílio simulações  computacionais reconstruíram como era o delta do Nilo na época do êxodo dos israelitas, levando em conta as rochas e sedimentos da região, e indicam a presença de um grande braço do rio, o qual se conectava com uma lagoa salobra, o chamado lago de Tânis.
Os Cientistas Carl Drews, do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas dos EUA, e Weiqing Han, da Universidade do Colorado em Boulder desenvolveram uma simulação computacional com a topografia da desembocadura do Nilo na época que acredita-se que ocorreu o fato: cerca de 1250 a.C. - Idade do Bronze. Eles estimam que um vento de velocidade próxima de 100 km/h, soprando sobre a desembocadura do rio Nilo por 12 horas, teria sido suficiente para empilhar as águas e abrir uma passagem com alguns quilômetros de largura. Curiosamente, o fenômeno foi relatado por oficiais britânicos em 1882 nesta região. Já se identificaram fenômenos parecidos em outras regiões do mundo em épocas mais recentes. O vento conseguiu façanha parecida em 2006 e 2008 no lago Erie, nos EUA.
Leia a reportagem-fonte na Folha de São Paulo.

A reportagem não contesta a descoberta, mas contesta outras questões relativas ao êxodo em si. Há opiniões de arqueólogos que divergem da posição proposta na Folha de São Paulo. Segue algumas fontes para introduzir pontos de vista alternativos.
Evidências de influência egípcia na lingua hebraica e contestação a ausência de relatos do êxodo nos documentos egípcios
Discussão sobre a datação do êxodo
Discussão sobre a língua Hebraica ser compatível com a escrita da época do Êxodo

Há muitos outros argumentos de datação, documentais e históricos em favor da historicidade do Êxodo, cuja discussão é extensa e não cabe num post cuja função é apenas introduzir o tema. Portanto, não há nada de mitológico em acreditar que os israelitas passaram pelo mar em seco e que os egípcios posteriormente foram afogados nele. O relato bíblico é preciso e factual inclusive no que diz respeito à causa do fenômeno: um vento forte soprou sobre o mar, fazendo com que as águas se deslocassem! Se há detalhes que ainda dão margem à dúvidas sobre todas evidências históricas, cabe lembrar que a arqueologia está em constante aperfeiçoamento e aprendizado na arte reconstruir o passado remoto, o que geralmente não é tarefa simples! Se os céticos tratassem seus documentos prediletos da mesma época com o mesmo rigor histórico que tratam este relato bíblico, jogariam os seus documentos fora.

Provavelmente alguém ainda dirá: “então não há nada de milagroso ou divino na abertura do Mar de Caniços: é apenas mais um fenômeno natural”. Eu tenho outra opinião: um fenômeno raríssimo como este acontecer em perfeito sincronismo com a passagem dos israelitas e a morte dos egípcios não pode ser coincidência. Esta conjunção de fatos é que caracteriza o milagre divino de alta estirpe!

Para quem gosta de arqueologia Bíblica é quer uma introdução no assunto, recomendo os livros:
e a Bíblia tinha razão... escrito por Werner Keller
Atlas Bíblico escrito por Yohanan Aharoni et alli

Na aba "Links" do meu blog tenho algumas indicações para quem se interessa pelo assunto. São fontes céticas e não céticas, para que o leitor curioso tenha uma visão mais ampla do assunto.

Post relacionado:
Adão e Eva existiram?

3 comentários:

PIERO WebDesigner disse...

Ótimo post!
Bastante claro, didático e com conteúdo bastante interessante.
Parabéns novamente meu amigo, pastor e padrinho...
Abração, Piero.

Ricardo Guilherme Schmidt disse...

Ja tinha ouvido falar disso, mas nunca uma explicação tão boa.

Para mim a palavra "Coincidência" significa "intervenção da mão de Deus".

André Klauberg disse...

Alguns até usam o termo "Deus incidência" no lugar de "coincidência"

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