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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Evolucionismo e Criacionismo

Quando pensei no título deste post a primeira idéia era “Evolucionismo x Criacionismo”. Depois me flagrei o quanto este título alternativo sutilmente polarizaria ainda mais o debate sobre o assunto em apenas duas correntes. Meu objetivo é mostrar que existem pelo menos QUATRO e não DUAS vertentes principais de pensamento sobre nossas origens e que em duas delas Criação Divina e Evolução não são conceitos mutuamente excludentes.
Este é um post introdutório sobre o tema, apenas apresentando resumidamente os quatro pontos de vista dominantes. Não pretendo me deter (ainda) em discussões sobre méritos e deméritos de cada um.
O que me motivou a escrever este post é a percepção de que há muitas defesas apaixonadas deste ou daquele ponto de vista e pouca informação equilibrada que permita ao leitor refletir e pensar sobre as perspectivas existentes. Como ouvi certa vez, são debates que “produzem mais calor do que luz”.
O mundo moderno nos pressiona para que nos posicionemos sobre este tema. Então, nada melhor do que conhecer primeiro as várias correntes de pensamento para que nossa opinião seja mais bem fundamentada.

As quatro vertentes principais de pensamento sobre o assunto são:

- Evolucionismo ateísta;
- “Criacionismo” ou Teoria da Terra Jovem;
- Evolucionismo teísta ou Teoria da Criação de Potencial Pleno;
- Design inteligente ou Criação Progressiva.

O Evolucionismo ateísta é bastante conhecido, pois é ensinado nas escolas, nas universidades e na maioria dos documentários sobre origens. É o ponto de vista predominante em jornais e revistas científicas. Portanto, não carece de maiores explicações ao leitor. Os pilares do Evolucionismo ateísta são os fenômenos aleatórios (Acaso) e o processo de Seleção Natural (ok, eu poderia falar também de mutação, fluxo gênico e deriva genética, mas vamos simplificar por enquanto tá?). Neste ponto de vista, a existência de quaisquer manifestações sobrenaturais é tida como impossível, ou seja, tudo pode ou um dia poderá ser explicado pela compreensão dos fenômenos naturais.

O “Criacionismo” é a concepção de origens baseada na interpretação clássica de escritos considerados sagrados (Corão, Bíblia, Torah, etc.). Coloco o termo entre aspas porque não é a única concepção que defende a existência de um ser superior como Criador. Esta é a corrente de pensamento mais difundida nas instituições religiosas rotuladas de “fundamentalistas” (em minha opinião, mais uma dessas generalizações grosseiras e carregadas de preconceitos que dizem pouco sobre indivíduos e grupos em particular). Portanto, é uma vertente que também não carece de maiores explicações ao leitor, exceto que, ao contrário do que muitos pensam, possui uma ala científica. São os cientistas defensores da Teoria da Terra Jovem, e que estão desenvolvendo pesquisas no intuito de mostrar que a interpretação clássica dos escritos sagrados é verídica. Segundo este grupo, os métodos de datação existentes atualmente mascaram a verdadeira idade dos seres e objetos, causando a falsa impressão de que a Terra e os seres vivos têm milhões ou bilhões de anos.

O embate que assistimos nas mídias geralmente se polariza nas duas vertentes mencionadas. Assim, sedimentou-se a oposição “Evolucionismo x Criacionismo”. Isto induziu muitos a achar que a veracidade ou falsidade da evolução é o ponto chave para dizer se Deus existe ou não.

Os defensores do Evolucionismo teísta defendem todos os mecanismos de Acaso, Seleção Natural, etc... propostos pelos evolucionistas ateístas. Geralmente são intelectuais e estão, inclusive, engajados nos mesmos projetos científicos que os ateístas. A única diferença é que, para eles, houve um Ato Divino inicial que “deu partida no sistema”. Em outras palavras, eles crêem que o Acaso e a Seleção Natural são bons mecanismos para explicar como tudo se transforma, mas não para explicar como tudo começou. Muitos deste grupo preferem a designação de Teoria da Criação de Potencial Pleno, pois este termo expressa melhor a essência do seu pensamento: Deus criou algo tão perfeito no princípio que esta criação tinha todo o potencial de se desenvolver e evoluir sozinha, sem a Sua interferência direta. São chamados de a ala “liberal” das instituições religiosas e quase sempre adotam interpretações alegóricas nos textos sagrados sobre origens ou admitem erros nos mesmos.  Geralmente rejeitam a interferência do sobrenatural no dia-a-dia humano, buscando explicações naturais para tudo o que acontece, sendo, por isso, acusados por seus opositores de terem desenvolvido uma forma sofisticada de deísmo.

Por fim, temos o Design Inteligente. Seus adeptos não descartam a seleção natural e outros mecanismos evolutivos, mas válidos apenas para alterações discretas. São compostos predominantemente por cientistas ou intelectuais religiosos, como os defensores do evolucionismo teísta. Entretanto, consideram ilógico afirmar que o Acaso seria suficiente para produzir a realidade complexa e bela que nos circunda. Entendem que a complexidade, beleza e ordem existentes pressupõem um Projetista Inteligente que interfere no processo sempre que necessário. Por outro lado, o Projetista não deseja fazer tudo: ele delega, em sua incomparável inteligência e desejo participativo, parte do trabalho à própria criação de acordo com Leis que ele mesmo criou: Física, Química, etc... Os defensores desta vertente são abertos ao Sobrenatural, mas não descartam o Natural quando julgam que a explicação deste é suficiente. Diferentemente dos cientistas da Teoria da Terra Jovem, não enxergam problemas em conciliar datações antigas com os textos sagrados. Sua interpretação dos textos sagrados sobre as origens diverge da visão clássica, porém a maioria de seus defensores não acredita que existam erros no texto, e sim, falhas de interpretação que geraram o mal entendido.

Aos leitores que queiram se aprofundar nos pontos de vista teístas eu recomendo a leitura do livro: Criação e Evolução. Representantes intelectualmente proeminentes das três vertentes teístas defendem seus pontos de vista e são questionados, com direito à réplica. O livro deixa em aberto a conclusão de qual o melhor ponto de vista, cabendo ao leitor a reflexão e a decisão.

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